Cuidados com Potros

 

Dr. Alexandre M. Alves - CRMV-SP 01639/Z . Dra. Daiane C. Neves - CRMV-MS 6902/Z

 

Os partos das éguas ocorrem preferencialmente nas madrugadas, o que dificulta o acompanhamento técnico e "facilita" a proteção do neonato (nome que se dá aos potros em suas primeiras horas de vida), evitando assim qualquer perturbação. O início do parto geralmente é marcado por uma queda de temperatura corpórea da égua. O parto pode ser dividido em 3 fases: a primeira é de inquietação com dores abdominais, a segunda é a ruptura da bolsa, e a terceira fase é a liberação dos envoltórios fetais (placenta), que leva de 30 minutos até 3 horas após o inicio do parto. Os principais cuidados que se deve tomar com os recém-nascidos:

 

Sistema respiratório: Durante as primeiras horas de vida do neonato alguns fatores estimulam a respiração como: estímulos da mãe (lamber), frio, luz, diminuição da pressão de O2, liberação de CO2, etc. A freqüência respiratória de um recém-nascido é de 50-60 movimentos/minuto, se ocorrer alterações é necessário verificar se há uma camada mucosa revestindo a cavidade nasal e/ou oral, se houver esta deve ser removida com um pano seco e limpo. No caso de haver dificuldade respiratória por conteúdo líquido é necessário massagear as narinas friccionando da cabeça até o foucinho. A respiração também pode ser estimulada elevando o posterior do animal,friccionando o dorso com pano limpo ou palha, batidas com a mão na região torácica ou jatos de água fria. Nos casos de não se restabelecer o padrão respiratório em 2-3 minutos, deve-se utilizar oxigenoterapia para evitar morte ou danos cerebrais.

 

Sistema cardio-circulatório: Se ocorrer algum problema com falta de oxigenação nos recém-nascidos acarretará, o retorno do sistema circulatório fetal, o que se torna fatal após o nascimento. É muito importante que seja realizado um exame das membranas mucosas, estas devem se apresentar róseas e úmidas. No momento do nascimento, a freqüência cardíaca é de 60/ 80 batimentos/minuto, após 1/12 horas ela passa a ser de 120/140 batimentos/minuto, e após 12 horas passa a ser de 30/40 batimentos/minuto.

 

Temperatura: A temperatura retal do potro deve estar em torno de 37,5-38,5 graus, um desvio acima ou abaixo é preocupante.

 

Cordão umbilical: Após o término do parto a égua deverá permanecer deitada, este processo serve para diminuir a circulação sanguínea do cordão umbilical, pois no momento em que a égua se levantar o cordão irá se romper. Após o rompimento do cordão umbilical, este deve ser embebido com uma solução de iodo 2%, para evitar a entrada de infecções, o curativo deve ser repetido diariamente até que a ponta do cordão caia ou se feche.

 

Excreção do mecônio: Mecônio são as "fezes" produzidas e acumuladas no intestino durante a vida intra-uterina, a partir da segunda metade da gestação. A coloração vai de marrom amarelada a marrom escura. A liberação do mecônio deve ocorrer entre 4-5 horas após o parto. Se isso não ocorrer deve-se interferir, pois do contrário o potro apresentará cólicas abdominais. Os sinais clínicos de retenção de mecônio são notados entre 6-12 horas após o parto, e incluem a redução da freqüência de mamadas, dor ao defecar, cauda erguida, decúbito dorsal e inquietação.

 

Amamentação: O leite da égua é o alimento essencial aos recém-nascidos, tanto em quantidade, quanto em composição. O reflexo de sucção do filhote começa a partir da manutenção do potro em pé, o que demora em torno de uma hora. O colostro (primeiro leite) é o primeiro alimento do neonato tanto do ponto de vista nutricional quanto imunológico. A dose recomendada é de 1 a 2 litros divididos em mamadas de hora em hora com a quantidade de 150 ml. A ingestão do colostro deve ocorrer até 12 horas após o nascimento. No caso de animais prematuros, órfãos ou rejeitados pela égua o recém-nascido deve receber anticorpos do colostro de outro animal. O ideal é que na propriedade se mantenha um banco de colostro para eventuais problemas. O volume de colostro retirado da égua para formar o banco de colostro pode variar de 150-200 ml. A quantidade de leite "artificial" deve ser aproximadamente 10% do peso vivo do animal, devendo ser oferecido a cada 2 horas em mamadeiras ou baldes.

 

EquinosVet é Parceira do Empório Marchador e Patrocinadora do CVMM.

 

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